quarta-feira, 3 de março de 2010

Rosa de Hiroshima

Em alguns momentos, nada faz sentido. O clima não faz sentido, o dia não faz sentido, nossos sentidos não fazem sentido. Não há vontade de gritar ou de falar por não ter o que dizer. Talvez seja minha personalidade verdadeiramente de flor, sem o sol, minhas pétalas fecham-se e a cor se apaga. Mas quero ser uma flor, quero a delicadeza doce de um cuidador que sorri frente à beleza. A questão é que, repentinamente, não entendo mais a mim. E não entendo essa mania burramente absurda de sentir. Sei que sou suficientemente forte, mas quero o direito de ser frágil, o divino direito de ser flor, apenas. Desejo ser apenas uma mulher e ser amada, amada por quem amo, sem duvidar disso por medo de ter meu amor fracassado ao descobrir que não sou amada como amo. Então invento, então jogo, então arrisco. Mas só o que quero, só o que desejo profundamente é seu peito amparando meu medo, seus braços amparando minha insegurança. É só o que quero, e é tanto, que tenho medo de ter.