quarta-feira, 25 de março de 2009

00 às 4

Terminava mais um dia. Outro daqueles inertes em que todas as decisões imediatas e necessárias eram arrastadas para o dia seguinte. O problema é que nesse momento todos os dias pareciam iguais. Tinha o medo, tinha sei-lá-o-quê impedindo-a de seguir seu rumo, ir embora para qualquer lugar, mas ir. O ar viciado a intoxicava, a beleza prometida feria. Já não queria mais acreditar, não podia. Mas alguém entendia? Não, evidentemente, não. Ela não era má nem egoísta, também não almejava a benevolência de mártir:era apenas humana e bastava.
O dia acabou, para onde ir agora? Consultava sua vontade. Não havia vontade. Dentro daquela história, nada mais a pertencia. Sentia profundo desejo de começar de novo. Nada ali seria diferente. Não importava mais. Queria leveza. Queria mais que tudo sua vida. Um novo começo de sonhos só dela. Mas como não se sentir só quando o silêncio cortante da madrugada era a única companhia para suas noites em claro? Precisava do céu profundamente azul, imensidão. Manhãs azuis de outono, em paz, sem dor, sem medo.