quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

I don't like cities but I love New York.


Esforço em vão tentar explicar essa cidade, nada por aqui é feito para ser entendido. A cidade é sinestésica. Sons, cheiros, texturas, cores, intensidades que rompem as amarras de ceticismo patriota e encantam até niilistas. Estreitos paradoxos enfrentam-se num caos profundamente ordenado onde passos rápidos e frenéticos seguem perfeitamente cadenciados. Linha de produção, economia de mercado, grande irmão, Big Apple. De repente, trumpete no parque, Ella em um café, jazz na esquina, no meio da calçada, no restaurante, na happy hour. A cidade, cansada, rende-se a arte, ainda que mercadológica. A cidade cansada não se rende. Eu, cosmopolita tropical, rendo-me cansada de sentir Nova York e só me resta a energia para poucas linhas mal- escritas. Ao mesmo tempo que, aos pés de Lady Liberty, a indizível saudade de minha vida doeu mais fundo que o vento cortante dessa manhã. Entendi que preciso, agora, busca-la perfeita como é e viver intensamente cada medo, cada sorriso, cada sonho. Pois é assim, minha vida, existência única no amor, princípio e fim, luz e treva. Paradoxo, amor, minha vida.