sábado, 14 de fevereiro de 2009

Por alto...




Os passos apressados começam a ensurnar*, diminuo o ritmo, jazz n'soul. Encontro em mim espaço para um silêncio que supera em volume qualquer ruído do mundo. Sinto-me sozinha em meio a multidões de desconhecidos e olhares conhecidos. Passo a observar a beleza profunda das coisas, como gosto de fazer. Tenho tempo para isso. Não desejo o mundo, quero apenas o que é belo e possa, em algum grau, pertencer-me. Por vezes me esqueço de minha natureza telúrica e canso-me tentando pertencer ao mundo que fala demais, corre demais e pensa pouco, sente pouco. Prefiro contemplar, sem dizer, sem razão. Deixo-me arrepiar por Klimt, Kalo emociona-me, sorrio e acredito.
Penso em minha vida e entendo que nunca em toda minha existência quis algo tão ardentemente.
Desejo indizível de viver-me, em detrimento a tudo. Desejo imenso de buscar o olhar mais profundo de minha vida e entendê-la de modo cabal como meu único caminho porque sem ela não respiro, perco o chão, perco a vontade. Preciso vive-la, inteira, pois assim é cobrado por minha alma todos o dias, de cinco em cinco minutos. Saudades de casa, saudade dos sonhos, saudade profunda de meus amores que ficaram. Saudade extrema de minha vida. Sei o que quero, e não quero nada além dela.

Aos presentes que recebi do universo: é absolutamente necessário tê-las por perto; amo profundamente.

* Ana Choueri - todos os direitos reservados.